O que é comer emocionalmente e como parar de o fazer?

Orientação

Quando estás sob stress, a alimentação pode ser um escape. Eis como resistir.

Última atualização: 29 de junho de 2022
Leitura de 6 min
  • Comer emocionalmente é o que acontece quando ingeres alimentos em resposta a um estímulo emocional e não em resultado de fome fisiológica.
  • Se dás por ti a devorar um pacote de batatas fritas porque estás com #stress, assume o controlo da situação elaborando uma lista das vantagens e desvantagens de o comer todo.
  • Para lidar com a teoria do "Mas eu mereço um consolo!", mentaliza-te de que deves ser responsável: "Sei que posso enfrentar esta situação sem me perder com comida."


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Formas simples de parar de comer movido pelas emoções

É sexta à noite e tiveste uma semana difícil. O trabalho parece não ter sido produtivo, entras em conflito com as pessoas em casa e os teus treinos foram um fiasco. Acabaste de jantar, mas isso não te impede de abrir um pacote grande de batatas fritas (ou um pacote de bolachas, uma garrafa de vinho ou todos estes). Quando dás por ti, já comeste tudo.

Esta é a definição de comer emocionalmente, quando ingeres alimentos em resposta a um estímulo emocional e não em resultado de fome fisiológica, afirma Jennifer Taitz, doutorada em psicologia, terapeuta cognitivo-comportamental em Los Angeles e autora do livro End Emotional Eating. Quando isso acontece, afirma Taitz, "comemos duas vezes mais do que normalmente faríamos e alimentos que normalmente não escolheríamos comer." Não importa quão sólidas sejam as tuas intenções nutricionais, o comportamento pode fazer estagnar o teu progresso.

A tristeza, a preocupação e o aborrecimento são sentimentos que podem estar associados a comer de forma emocional, embora o motivo nem sempre seja negativo, refere Krista Scott-Dixon, doutorada, diretora de programas na Precision Nutrition. Podes estar a desfrutar de um jantar de Natal com a família e, apesar da saciedade, ainda comes mais umas quantas bolachas da avó pela nostalgia agradável que te provocam. Embora, tecnicamente, isto também seja comer emocionalmente, não é necessariamente problemático, afirma Scott-Dixon. Ser indulgente esporadicamente pode ser inofensivo se sentires que vale a pena.

Podes deparar-te com problemas quando comes regularmente para evitar ou abafar sentimentos, sem que tenhas consciência disso. De todas as nossas emoções, o stress é uma das que mais contribui para isso, afirmam tanto Taitz, como Scott-Dixon. A comida é uma forma sempre acessível e imediata de fugir à realidade, afirma Taitz, mas é apenas algo temporário. Depois de comeres, podes voltar imediatamente a sentir o stress… e ainda a fúria por teres agora um pacote de batatas fritas vazio.

A sensação de empanturramento e culpa não é o único problema. Utilizar cronicamente a comida para obter conforto pode resultar num aumento de peso indesejado. O facto de sentires que não consegues controlar o que comes pode ter um efeito dominó, fazendo com que sintas menos motivação para manter uma rotina de treino consistente ou um plano de sono regular, afirma Scott-Dixon.

A boa notícia é que podes impedir que essa espiral comece (ou interrompê-la caso já tenha começado) com algo simples, autoconhecimento.

Formas simples de parar de comer movido pelas emoções

1. Pratica a arte de fazer uma pausa.

Antes de comeres um snack ou uma refeição, ou até mesmo antes de dares mais uma dentada naquilo que estás a comer, Scott-Dixon recomenda que te perguntes: "Porque é que estou a comer isto?" Será porque efetivamente tens fome? Este simples momento de reflexão coloca-te novamente numa situação de controlo e pode reduzir a probabilidade de comeres quando realmente não precisas ou não queres, afirma Scott-Dixon. Por outro lado, de acordo com um estudo publicado na revista científica Nutrients, fazer escolhas alimentares em modo piloto automático pode aumentar a probabilidade de comeres e petiscares emocionalmente e de escolheres alimentos com elevado teor de gordura e açúcar.

2. Mantém opções melhores por perto.

"Pensa noutras atividades que te satisfazem e que não têm desvantagens: devorar um livro do teu autor favorito, telefonar a um amigo ou fazer uma sessão de meditação orientada", afirma Taitz, que denomina esta atividade "diversificar o teu portefólio de atividades apaziguadoras". Escreve a tua lista, afixa-a na cozinha e segue-a.

Se sentires um desejo particularmente intenso, Taitz recomenda ir um pouco mais longe e elaborar uma lista de vantagens e desvantagens de ouvir o teu podcast favorito em comparação com comer uma taça grande de gelado, por exemplo. "É útil compreender que dizer não a um gelado não significa abdicar da diversão, significa optar por te sentires melhor", afirma.

3. Come bem quando sentires fome.

Ao optar por alimentos deliciosos e ricos em nutrientes, é menos provável que percas o controlo, afirma Scott-Dixon. "Alimentos integrais menos processados, como proteínas magras, frutas, vegetais e hidratos de carbono com elevado teor de fibras, são alimentos que criam uma resposta química no teu corpo que te torna menos suscetível de comer de forma emocional", afirma. "Isto acontece porque os alimentos nutritivos ajudam a regular o estado de espírito e não sentes aqueles altos e baixos do nível de açúcar no sangue que te fazem ficar em pânico." Planear as refeições pode ajudar a que sintas uma maior responsabilidade.

4. Dá prioridade ao sono.

Aqui não há surpresas: de acordo com um estudo publicado na Finlândia, dormir seis ou menos horas de sono está associado a um aumento da tendência para comer emocionalmente. Dorme mais e terás uma maior capacidade cerebral para tomar decisões alimentares que te fazem sentir bem, afirma a primeira autora do estudo, Hanna Konttinen, doutorada e professora do departamento de investigação social da Universidade de Helsínquia. Além disso, afirma que "descansar melhor pode ajudar-te a manter um estado de espírito positivo, pelo que é menos provável que sintas emoções que te façam recorrer à comida para obter conforto".

5. Não confundas cuidar de ti com devorar comida.

Durante as fases mais stressantes, e principalmente quando os acontecimentos estão fora do teu controlo, é importante que faças uma pausa. Mas Taitz alerta que a autocompaixão não significa permissão para dizer: "Estamos numa fase difícil e não importa o que eu como". Em alternativa, mentaliza-te para pensares algo como: "Sei que consigo enfrentar esta situação sem perder a cabeça com a comida". Taitz explica ainda que "ser gentil contigo é como ser um bom treinador: alguém que sabe daquilo que és capaz e te incentiva a fazer o melhor, não alguém que diz «que se lixe»".

6. Deixa passar.

Tens a capacidade de optar por comer e, por vezes, pensar nisto é suficiente para te afastar da cozinha. "Muitas vezes, surge um impulso e as pessoas pensam: «Vai piorar. Se calhar mais vale comer agora, senão vou comer três vezes mais»", afirma Taitz. "Mas os impulsos vão e vêm como as ondas, e se puderes relaxar e simplesmente tomar consciência do impulso sem o julgar, é mais provável que passe."

Optar por comer quando tens efetivamente fome em vez de te deixares levar por uma emoção também torna mais provável que desfrutes da tua refeição. É esta sensação de felicidade e saciedade que deves ter com a comida, tanto enquanto estás a comer, como depois de terminares.

Texto: Marissa Stephenson
Ilustração: Gracia Lam

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Data de publicação original: 31 de maio de 2022

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