Pergunta ao teu treinador: "Como faço para quebrar o meu hábito de desculpas?"

Orientação

Uma jogadora universitária tem faltado aos treinos por motivos relacionados com a faculdade. Será que a Nikki Fargas da equipa de basquetebol LSU consegue ajudá-la a comprometer-se?

Última atualização: 24 de março de 2021
Como podes deixar de criar desculpas e empenhares-te no treino

"Pergunta ao teu treinador" é uma coluna de recomendações para te ajudar a manter a cabeça no jogo.

P:

Olá, treinadora.

Comecei a jogar futebol do primeiro ano na faculdade. Por muito que adore a modalidade, ultimamente a minha motivação não tem estado lá. Era vice-capitã da minha equipa na escola secundária, mas desde que comecei a faculdade, outras coisas têm aparecido no meu caminho. Recentemente, já faltei duas vezes ao treino da manhã, uma das vezes por uma boa razão (tinha estado a estudar a noite toda), e da outra vez… Bem, estive fora toda a noite com amigos. Também faltei a uma sessão de levantamento de pesos. Disse ao meu treinador que estava doente, quando, na verdade, tinha discutido com o meu namorado. Continuo a adorar futebol e, quando estou no campo, não há outro sítio onde prefira estar. Mas está a chegar ao ponto em que me sinto tão culpada que nem quero aparecer. Há forma de voltar ao caminho certo? Ou devo simplesmente desistir?

O álibi era obviamente fraco
Futebolista de 19 anos

R:

Sabes que mais? Também tive dificuldades quando era caloira.

Venho de uma família grande e próxima, e estava no caminho certo para ser a primeira a conseguir um diploma universitário. A minha avó não teve a oportunidade de estudar para além do oitavo ano devido às leis da segregação. A minha mãe tinha vários empregos para poder pagar os estudos na faculdade. Depois engravidou e teve de desistir. Portanto, todos na minha família estavam de olhos postos em mim. Sentia imensa pressão.

No entanto, a minha família também me deu amor, apoio e um conjunto sólido de valores. Apesar de me estarem a pressionar, eu também sabia que podia contar com eles.

Tu também tens com que contar. Eras vice-capitã na escola secundária, por isso, sabes o que é trabalhar arduamente, o que é a coragem. Também sabes que, quando te juntas a uma equipa, comprometes-te a respeitar o código dessa equipa e cabe-te a ti levar isso a sério. É por isso que está na altura de fazeres algumas perguntas difíceis a ti mesma, como "Quem sou eu como pessoa?" e "O que é que não é negociável para mim?"

Encontrar as respostas a perguntas como estas pode ajudar a perceber o que se passa contigo a um nível mais profundo do que o futebol. Se costumavas ser uma pessoa honesta e uma atleta empenhada e agora estás a quebrar as tuas promessas, está na hora de tentares perceber o que está a acontecer e chegares à raiz da questão.

Está na altura de fazeres algumas perguntas difíceis a ti mesma, como "Quem sou eu como pessoa?" e "O que é que não é negociável para mim?"

Olha, eu entendo. Houve momentos em que me senti tentada a ficar fora durante a noite toda. Mas aprendi rapidamente que isso é um caminho perigoso. E não era um caminho que eu queria começar a percorrer, porque percebi que jogar basquetebol ao nível universitário era uma oportunidade incrível.

Encontrei motivação para estar presente e dar o meu melhor todos os dias por motivos que iam para além de mim: a minha família, que me apoiava e acreditava em mim, e todas as pessoas que lutaram e morreram pelo meu direito de ir para a faculdade e competir. Consegui alcançar o que alcancei por causa deles e continuo a esforçar-me por viver a minha vida de uma forma que os honra. São o motivo pelo qual não tomo nada como garantido.

Como podes deixar de criar desculpas e empenhares-te no treino

Podes sentir que a mentira em si não era nada de especial, mas faz parte de um problema maior. Aqui está outra pergunta que deves fazer a ti própria: "Quais são os valores que me vão orientar?"

A tua mentira diz-me que podes estar a tomar a tua própria situação como garantida. Podes sentir que a mentira em si não era nada de especial, mas faz parte de um problema maior. Aqui está outra pergunta que deves fazer a ti própria: "Quais são os valores que me vão orientar?" Por outras palavras, estabelece alguns limites que não queres passar como, por exemplo, não mentir, não faltar aos treinos e também não desistir, porque isso não vai resolver o problema. Só irás acabar por ficar mais isolada.

Aprendi valores como estes em casa, e a Pat Summitt, a minha treinadora no Tennessee, reforçou-os. Não tolerava mentiras e não havia nada que lhe escapasse. Ela certificou-se de que todas sabíamos o que era o melhor a fazer. Esse tipo de responsabilidade é essencial.

Foi isso que me impediu de ficar fora durante toda a noite, mas ainda tive as minhas dificuldades. Sentia muitas saudades de casa. Tinha saudades da minha família. Faltei aos encontros de domingo que fazíamos em casa da minha avó, onde comíamos uma grande refeição, jogávamos cartas e ríamos muito. Toda essa solidão trouxe à superfície alguns assuntos inacabados sobre o meu pai.

Todos nós temos impulsos que nos puxam para direções diferentes, alguns positivos e alguns negativos. E, com a prática, conseguimos escolher quais seguir.

O meu pai nunca esteve presente na minha vida. E, quando eu estava sozinha na faculdade, todos os sentimentos de rejeição e abandono que sentia em criança surgiram novamente. Comecei a treinar demasiado para fugir desses sentimentos e, pouco tempo depois, sofri uma fratura de "stress" no meu pé e nem sequer podia treinar. Depois fraturei um osso. Mais tarde, desenvolvi um problema de coração.

Estava a passar uma fase muito difícil.

Felizmente, a minha treinadora tinha recursos. Com a ajuda dela, comecei a ir a um psicólogo desportivo que me ensinou a orientar-me ao longo do que estava a acontecer. Aprendi que todos nós temos impulsos que nos puxam para direções diferentes, alguns positivos e alguns negativos. E, com a prática, conseguimos escolher quais seguir. Podemos optar por ter uma ótima atitude e trabalhar arduamente.

Penso que um psicólogo desportivo também é capaz de te ajudar, já que me pergunto se estares sem o teu sistema de apoio está a trazer ao de cima alguns problemas dos quais poderás estar a fugir.

Algo te está a impedir de praticares a modalidade que adoras. Deves a ti mesma perceber o que é. Assim que o fizeres, podes começar a aprender a gostar de ti mesma e a lutar para alcançar a excelência em tudo que fazes.

Tenho a sensação de que, no fundo, és grata por estar na faculdade e grata por fazer parte da equipa. Dá ouvidos a esse impulso e deixa que te faça avançar.

Treinadora Fargas

A Nikki Fargas é a treinadora principal de basquetebol feminino na Universidade Estadual de Luisiana. Foi treinadora principal transformadora da UCLA e também treinadora adjunta que se destacou no Tennessee e na Universidade de Virgínia. Uma jogadora excecional no Tennessee, a então Nikki Caldwell liderou as Lady Vols rumo a um título NCAA e a dois campeonatos da época normal da SEC. Conhecida pelo seu profundo compromisso com a caridade e o envolvimento na comunidade, a Fargas cofundou a Champions for a Cause, uma organização sem fins lucrativos que visa a sensibilização para o cancro da mama.

Envia um e-mail para askthecoach@nike.com com uma pergunta sobre como melhorar a tua mentalidade no desporto ou no fitness.

Ilustração: Harrison Freeman

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Data de publicação original: 30 de março de 2021

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